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Colaborador: Vitor Mascarenhas Vieira

O Consultor Lean: Manual de Vendas Técnicas

O Consultor Lean: Um Manual de Vendas Técnicas

Upselling de Manutenção Orientado a Valor

Sumário Executivo

Este relatório apresenta uma estratégia abrangente para transformar a excelência operacional interna, derivada dos princípios Lean, numa poderosa narrativa de vendas centrada no cliente. A abordagem central redefine a manutenção preventiva como uma forma de "eliminação de desperdício" para o cliente, com o objetivo de aumentar significativamente a aceitação do serviço, a fidelidade do cliente e a rentabilidade geral. O documento introduz o conceito do "Consultor Lean", um profissional de serviço que atua como parceiro do cliente para minimizar o custo total de propriedade do veículo. Isto é alcançado através da abordagem proativa de falhas potenciais, que são a forma final de desperdício que o cliente enfrenta. Ao alinhar os objetivos da oficina com os do cliente — fiabilidade e controlo de custos — esta metodologia transforma a venda de serviços adicionais de uma transação para uma consulta de valor acrescentado.

1 O Centro de Serviço de Alta Eficiência como Proposta de Valor para o Cliente

A base desta estratégia reside num argumento fundamental: o compromisso de uma oficina com os princípios Lean não é apenas uma vantagem operacional, mas um ponto de venda poderoso e tangível. Esta secção estabelece a ligação entre a forma como a oficina opera e a razão pela qual um cliente deve confiar nas suas recomendações, transformando a eficiência interna em credibilidade externa.

1.1 Da Fábrica da Toyota para a Sua Baía de Serviço: A Filosofia Lean

A filosofia Lean, originada no Sistema de Produção Toyota (TPS), oferece uma abordagem estruturada para eliminar o desperdício (conhecido como Muda) e maximizar o valor para o cliente.1 Os seus princípios fundamentais incluem a melhoria contínua (Kaizen), a eliminação de atividades que não agregam valor e a criação de um fluxo de trabalho suave e ininterrupto.1 Embora desenvolvida para a manufatura, a metodologia Lean provou ser excecionalmente eficaz em indústrias de serviços, incluindo a reparação automóvel. A sua aplicação permite otimizar operações, reduzir tempos de espera e melhorar a qualidade e a capacidade de entrega do serviço.2 Este enquadramento intelectual não só orienta a gestão interna da oficina, mas também serve de base para uma nova abordagem de comunicação com o cliente.

1.2 Traduzindo Eficiências Internas em Benefícios Tangíveis para o Cliente

A excelência operacional, quando devidamente comunicada, torna-se uma promessa de qualidade e fiabilidade para o cliente. As ferramentas Lean, quando implementadas, geram resultados visíveis que podem ser articulados como benefícios diretos.

A Vantagem 5S

A metodologia 5S (Sort, Set in Order, Shine, Standardize, Sustain) é um sistema para organizar o local de trabalho que beneficia diretamente a experiência do cliente.6

  • Sort (Seiri): A eliminação de itens desnecessários da área de trabalho resulta num ambiente livre de desordem.9 Para o cliente, isto significa que os técnicos podem focar-se totalmente no veículo, sem distrações, o que reduz a probabilidade de erros.
  • Set in Order (Seiton): O princípio de "um lugar para cada coisa, e cada coisa no seu lugar" elimina o tempo perdido à procura de ferramentas ou peças.2 Isto traduz-se diretamente num maior "Wrench Time" (o tempo em que o técnico está efetivamente a trabalhar no veículo) e em ciclos de reparação mais curtos.12 Uma tática chave é o Armazenamento no Ponto de Uso (POUS), onde as ferramentas necessárias estão ao alcance do braço, eliminando o desperdício de movimento.15
  • Shine (Seiso): Uma oficina limpa não é apenas uma questão de estética. A limpeza é uma forma de inspeção que torna anomalias como fugas de fluidos ou peças soltas imediatamente visíveis. Isto permite a manutenção proativa dos equipamentos da oficina, evitando avarias que poderiam atrasar a reparação de um cliente.8 Além disso, um ambiente limpo é um ambiente mais seguro, prevenindo acidentes que poderiam danificar o veículo do cliente.11
  • Standardize (Seiketsu) & Sustain (Shitsuke): Estes pilares garantem um serviço consistente e de alta qualidade em cada visita. O cliente recebe o mesmo nível de excelência, independentemente do técnico que trabalha no seu carro, pois os processos são padronizados e mantidos rigorosamente.7

A aparência física e a organização da baía de serviço são, por si só, uma poderosa ferramenta de comunicação não-verbal. Um cliente que entra numa oficina não consegue avaliar diretamente a competência técnica do mecânico. No entanto, pode observar o ambiente. Uma baía impecavelmente limpa e organizada, onde cada ferramenta tem um lugar definido, cria uma impressão imediata de profissionalismo, precisão e disciplina. Esta evidência visual constrói uma confiança subconsciente. Mais tarde, quando o consultor de serviço recomenda uma manutenção preventiva, o cliente está psicologicamente mais recetivo a acreditar que a recomendação provém de um lugar de perícia e diligência, e não de uma mera tentativa de aumentar a fatura. Assim, o programa 5S não é apenas um processo interno; é um elemento fundamental do próprio processo de venda, criando a credibilidade necessária para um upselling bem-sucedido.

A Promessa do Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM)

O Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping - VSM) é uma ferramenta utilizada para analisar e otimizar todo o processo de serviço, desde a receção do cliente até à entrega das chaves.16 Ao mapear cada passo, a oficina identifica e elimina gargalos e atividades que não agregam valor, demonstrando um compromisso sistemático com a redução do tempo de espera do cliente.5

Ergonomia e Layout para Precisão

Um design ergonómico da baía de trabalho, com iluminação otimizada e posicionamento estratégico de ferramentas, reduz a fadiga e o esforço físico do técnico.19 Um técnico menos fatigado é mais focado, atento aos detalhes e menos propenso a cometer erros, o que melhora diretamente a qualidade e a precisão da reparação.23

2 Reenquadrando os 8 Desperdícios do Lean para o Cliente

Esta secção constitui o núcleo conceptual do relatório. Realiza uma tradução crítica do conceito interno de "desperdício" do Lean para um enquadramento poderoso e centrado no cliente, que justifica a manutenção preventiva de forma lógica e convincente.

2.1 Compreendendo o TIMWOODS no Chão da Oficina

A metodologia Lean identifica oito tipos de desperdício, memorizados pelo acrónimo TIMWOODS: Transportation, Inventory, Motion, Waiting, Overproduction, Over-processing, Defects, e Skills.24 No contexto da oficina, estes manifestam-se de formas claras 26:

  • Motion (Movimento): Um técnico a atravessar a oficina para ir buscar uma ferramenta comum.26 O Diagrama de Esparguete é a ferramenta utilizada para visualizar e eliminar este desperdício, mapeando os movimentos físicos dos funcionários.28
  • Waiting (Espera): Um técnico a aguardar pela entrega de uma peça ou pela aprovação do cliente para prosseguir com a reparação.24
  • Defects (Defeitos): Um retorno à oficina devido a uma reparação incorreta, o que representa puro desperdício de tempo e recursos para todas as partes.25

2.2 O Desperdício Final do Cliente: A Avaria Inesperada

O argumento central desta estratégia é que uma avaria inesperada na estrada é a manifestação final de todos os oito desperdícios, mas do ponto de vista do cliente. A manutenção preventiva é, portanto, a estratégia suprema de eliminação de desperdício para o cliente. Esta secção detalha essa tradução, utilizando uma linguagem vívida e relacionável.

A tabela seguinte serve como uma ferramenta de referência central para o consultor de serviço. Ela fornece a linguagem e a lógica exatas para conectar o conceito abstrato de "desperdício" à experiência concreta e negativa de uma falha do veículo. Isto transforma a conversa: o consultor deixa de "vender" um serviço para "resolver" um problema futuro para o cliente, utilizando um enquadramento estruturado e lógico. Esta abordagem muda a dinâmica de adversária (vendedor vs. comprador) para colaborativa (consultor especialista a ajudar o cliente a gerir o risco), cumprindo o requisito de um "upsell sem empurrar".

Desperdício Lean (TIMWOODS) Exemplo na Oficina (Desperdício Interno) Consequência para o Cliente (Desperdício Externo de uma Avaria)
Transporte Mover um veículo entre baías desnecessariamente; caminhar até ao departamento de peças.24 O reboque. Transporte não planeado, caro e stressante do seu veículo. O incómodo de organizar transporte alternativo (carro de aluguer, táxi) para si e para a sua família.
Inventário Manter em stock demasiadas peças erradas, imobilizando capital.1 O seu carro parado na garagem ou na berma da estrada é inventário em excesso. É um ativo valioso que não está a gerar qualquer valor, não pode ser utilizado e está ativamente a causar problemas.
Movimento Técnico à procura de uma ferramenta; curvar-se e esticar-se excessivamente devido a um mau layout.10 O movimento frenético e inseguro de encostar na berma de uma autoestrada movimentada. O desperdício de movimento e esforço pessoal para reorganizar todo o seu dia ou semana para lidar com a avaria.
Waiting (Espera) Técnico à espera de peças ou aprovações; veículo à espera de uma baía livre.24 A forma suprema de espera. Esperar pelo reboque. Esperar pelo diagnóstico. Esperar que a reparação seja concluída. A sua vida fica em pausa, à espera que o seu veículo volte a ser funcional.
Overproduction (Sobreprodução) Realizar um serviço antes de ser verdadeiramente necessário; imprimir papelada desnecessária.32 As consequências da falta de manutenção podem levar a uma cascata de falhas, criando uma "produção" de problemas que poderiam ter sido evitados. Uma única peça avariada pode causar danos colaterais noutros sistemas.
Over-processing (Sobreprocessamento) Adicionar passos a uma reparação que não agregam valor; verificações de qualidade excessivas.32 As reparações de emergência são a definição de sobreprocessamento. Envolvem frequentemente pagar preços premium por peças, envio expresso e mão de obra fora de horas. É realizar o serviço certo, na altura errada, nas piores condições e ao custo mais elevado.
Defects (Defeitos) Uma reparação que falha e requer um retorno; um diagnóstico incorreto.24 Uma peça desgastada que falha é um defeito. É um componente que já não cumpre o seu padrão de qualidade. Este único defeito é a causa raiz de todos os outros desperdícios que experiencia. O nosso objetivo é abordar estes defeitos potenciais antes que ocorram.
Skills (Competências Não Utilizadas) Não envolver os técnicos na melhoria dos processos; formação deficiente.26 Este é o custo de oportunidade. Ao não aproveitar as competências especializadas dos nossos técnicos para uma análise preventiva agora, perde a oportunidade de evitar uma falha futura. Não está a utilizar o talento disponível hoje para prevenir o desperdício de amanhã.

3 A Arquitetura de um Upsell Consultivo

Esta secção faz a transição da teoria para a prática, delineando a mentalidade e a estrutura de conversação necessárias para o papel de "Consultor Lean".

3.1 Mudando de Vendedor para Consultor Técnico

O princípio fundamental é que o objetivo não é vender um produto, mas fornecer uma recomendação especializada baseada em dados e experiência. O papel do consultor é ajudar o cliente a tomar a decisão mais inteligente e económica para a saúde a longo prazo do seu veículo. Esta abordagem constrói confiança e posiciona o centro de serviço como um parceiro de longo prazo na posse do veículo, aumentando drasticamente a retenção de clientes.36

3.2 O Momento Crítico: Timing e Contexto

O momento ideal para introduzir o tema da manutenção é crucial. Não deve ser a primeira coisa a ser mencionada, mas sim seguir-se a uma revisão dos resultados do serviço principal ou da inspeção. A utilização de uma Inspeção Digital do Veículo (DVI) é uma ferramenta chave.38 O uso de fotografias e vídeos de componentes desgastados fornece provas inegáveis e objetivas, movendo a conversa do campo da opinião para o da factualidade.

3.3 Construindo o Caso de Negócio para o Cliente

A conversa deve ser enquadrada em torno do "Custo Total de Propriedade" do cliente. Isto envolve um cálculo simples de retorno sobre o investimento (ROI): "Este serviço preventivo custa $X hoje. Com base nos nossos dados para este modelo, ignorá-lo cria uma probabilidade de 70% de uma futura reparação custar $Y, mais os custos não quantificáveis de ficar retido (os 8 desperdícios)." Esta abordagem aborda diretamente o objetivo do utilizador de apresentar a manutenção como uma forma de diminuir os custos futuros.

A própria oferta de manutenção preventiva é uma demonstração dos elevados padrões da oficina e do seu compromisso com os princípios Lean de "Defeitos" e "Competências". Um dos princípios centrais do TPS é o "Jidoka", que se refere à automação com um toque humano — construir a qualidade na fonte e parar para corrigir problemas, evitando que os defeitos avancem no processo.18 Um veículo sem manutenção é, por definição, um sistema onde defeitos potenciais (peças desgastadas) podem continuar "a jusante" até causarem uma falha catastrófica. Quando um consultor de serviço identifica proativamente um ponto de falha potencial, está a aplicar o princípio Jidoka ao veículo do cliente. Além disso, está a utilizar a totalidade das "Competências" do técnico, não apenas para reparação, mas para prognóstico e prevenção.26 Desta forma, a conversa de upselling pode ser enquadrada como: "Toda a nossa oficina opera com base numa filosofia de prevenção de defeitos. Estamos a estender essa mesma disciplina profissional à forma como o aconselhamos sobre a saúde do seu veículo."

4 O Roteiro de Venda Técnica: Um Passo a Passo

Esta é a entrega central e acionável, fornecendo a linguagem específica e o fluxo de conversação.

4.1 O Gancho: Três Frases de Abertura Testadas (A/B)

Esta subsecção responde diretamente ao pedido principal do utilizador. Cada gancho é projetado para ser testado quanto à sua eficácia (por exemplo, acompanhando a taxa de aceitação de cada um ao longo de 100 ofertas).

  • Gancho A (O Parceiro Proativo): "Enquanto o seu carro estava aqui para, o nosso técnico, que é especialista neste modelo, identificou algo que, se não for tratado, pode causar uma avaria inesperada nos próximos meses. Gostaria que eu explicasse como podemos eliminar esse risco para si?"

    Psicologia: Estabelece perícia ("especialista"), cria um sentido de urgência e risco (aversão à perda) e enquadra a conversa como uma solução colaborativa ("eliminar esse risco para si").

  • Gancho B (O Especialista em Eliminação de Desperdício): "A nossa filosofia aqui na oficina é eliminar todo o tipo de desperdício para sermos mais eficientes. Aplicamos a mesma lógica aos carros dos nossos clientes. Encontrámos um ponto no seu veículo que representa um futuro 'desperdício' significativo para si – em tempo e dinheiro. Tem um minuto para eu lhe mostrar como o podemos evitar?"

    Psicologia: Alavanca a filosofia operacional da oficina, introduz o poderoso enquadramento do "desperdício" e cria curiosidade. Posiciona o consultor como um pensador estratégico.

  • Gancho C (O Analista Orientado por Dados): "Analisámos o historial de serviço e a quilometragem do seu. Com base nos dados de milhares de veículos como o seu, ele está a entrar numa janela de alto risco para uma falha em. Temos um plano de manutenção preventiva que reduz esse risco em mais de 90%. Posso partilhar os detalhes consigo?"

    Psicologia: Apela à lógica e à autoridade. Utiliza dados ("milhares de veículos") para remover a subjetividade e apresenta a solução com um benefício quantificável ("reduz o risco em mais de 90%").

4.2 A Justificativa: Articulando o "Porquê" com os 8 Desperdícios

Esta parte do roteiro utiliza a linguagem da tabela na Secção 2.2.

Exemplo de Roteiro (após o Gancho B): "Veja, esta correia de distribuição está a mostrar sinais de desgaste. No nosso mundo, uma peça gasta é um 'defeito' à espera de acontecer. Se ela falhar, não é apenas o custo da correia. É o 'desperdício' de ter o carro rebocado (Transporte), o 'desperdício' de ficar à espera (Espera), e o 'desperdício' de uma reparação de motor muito mais cara (Sobreprocessamento). O que estamos a propor é eliminar este 'defeito' agora, de forma controlada, para que não tenha de lidar com todo esse outro desperdício mais tarde."

4.3 A Solução: Apresentando a Proposta de Valor (ROI)

O foco deve ser o contraste entre os dois cenários futuros possíveis.

Exemplo de Roteiro: "O custo para substituir esta peça hoje, de forma planeada, é de. O custo médio de uma reparação de emergência se esta peça falhar na estrada, incluindo reboque e danos secundários, é tipicamente entre e. Ao investir hoje, está essencialmente a comprar uma apólice de seguro contra uma despesa inesperada e muito maior, para não mencionar o stress e o tempo perdido."

4.4 Navegando Objeções com Valor

Esta secção fornece respostas pré-definidas e não defensivas.

  • Objeção: "É muito caro agora."

    Resposta: "Eu compreendo perfeitamente. O nosso objetivo é ajudá-lo a gerir os custos a longo prazo. Este é um custo controlado e planeado. O custo de uma avaria é sempre descontrolado e muito mais elevado. Podemos analisar o seu orçamento e ver se há forma de priorizar isto?"

  • Objeção: "Vou deixar para a próxima vez."

    Resposta: "Claro, a decisão é sua. Apenas quero ter a certeza de que está ciente do risco. Adiar isto transforma um risco baixo e controlável hoje num risco alto e imprevisível amanhã. Quer que eu anote no seu ficheiro para o relembrarmos daqui a um mês, sabendo que o risco aumenta com cada quilómetro?"

  • Objeção: "É mesmo necessário?"

    Resposta: "Sim. Com base na nossa experiência e nos indicadores técnicos que o observou (mostra foto/vídeo do DVI), é. Não recomendaríamos isto se não acreditássemos firmemente que está a evitar um problema maior e mais caro. A nossa reputação baseia-se em mantê-lo na estrada de forma segura e económica."

5 Kaizen em Ação: Medindo e Refinando o Processo de Vendas

Esta secção final fecha o ciclo, aplicando o princípio Lean de Kaizen (melhoria contínua) ao próprio processo de vendas. Fornece as ferramentas para gerir, medir e otimizar o desempenho do roteiro.

5.1 Definindo os Indicadores Chave de Desempenho (KPIs) para o Programa Consultor Lean

O sucesso deve ser medido para ser gerido. Esta secção define as métricas críticas.

  • Taxa de Oferta: A que percentagem de clientes elegíveis está a ser oferecida manutenção preventiva? (Mede a consistência do consultor).
  • Taxa de Aceitação: Que percentagem das ofertas é aceite? Esta é a principal medida da eficácia do roteiro e deve ser acompanhada por gancho para validar o teste A/B.
  • Aumento do Valor Médio da Fatura (ARO): Qual é o aumento médio em euros nas faturas onde a manutenção é aceite? (Mede o impacto financeiro).
  • Taxa de Eficiência do Técnico: A relação entre horas faturadas e horas trabalhadas.39 Um programa eficaz deve identificar trabalho que mantém os técnicos produtivos em tarefas de valor acrescentado.
  • Taxa de Retenção de Clientes: Os clientes que aceitam manutenção preventiva têm maior probabilidade de regressar para serviços futuros? (Mede a confiança e lealdade a longo prazo).36
  • Redução de "Retornos" (Defeitos): Um programa bem-sucedido deve correlacionar-se com menos clientes a regressar com problemas relacionados com manutenção negligenciada.

5.2 O Ciclo de Melhoria Contínua (Kaizen)

É fundamental estabelecer uma rotina para rever os KPIs, como reuniões rápidas semanais da equipa. Este processo deve incluir a recolha de feedback direto dos consultores de serviço e técnicos sobre o que está a funcionar e o que não está, utilizando as suas "Competências" para evitar desperdício no próprio processo de vendas.10 Os dados recolhidos devem ser usados para refinar o roteiro. Se o Gancho C superar os Ganchos A e B em 20%, ele torna-se o novo padrão, e novos ganchos são desenvolvidos para testar contra ele. Isto incorpora a filosofia Kaizen de pequenas melhorias contínuas que levam a ganhos substanciais.1

A tabela seguinte fornece uma ferramenta de gestão clara e acionável para acompanhar o sucesso do programa ao longo do tempo. Transforma o enquadramento teórico num painel de controlo operacional orientado por dados, permitindo um diagnóstico rápido e a identificação de oportunidades de melhoria.

Métrica KPI Alvo Mês 1 Mês 2 Mês 3 Análise / Ações de Melhoria (Kaizen)
Taxa de Oferta >90% 75% 82% 91% O Consultor A está com 65%. Necessita de coaching para garantir que a oferta é feita em todas as oportunidades elegíveis.
Taxa de Aceitação (Total) >40% 32% 38% 42% Atingimos 42% no Mês 3. A estratégia está a funcionar.
Taxa de Aceitação (Gancho A) Teste A/B 35% 34% 35% Estabilizou em 35%.
Taxa de Aceitação (Gancho B) Teste A/B 36% 39% 38% Estabilizou em 38%.
Taxa de Aceitação (Gancho C) Teste A/B 48% 51% 52% Consistentemente acima de 50%. Adotar como padrão no Mês 4 e testar novos ganchos contra este benchmark.
Aumento Médio por Fatura (€) +€150 €145 €158 €165 Atingimos €165. O valor percebido pelo cliente é alto.
Retenção de Clientes (6 meses) +5% - - - Ainda é cedo para medir, mas monitorizar a coorte de clientes que aceitaram a manutenção.

Conclusões

A implementação de uma estratégia de vendas técnicas baseada nos princípios Lean oferece uma solução robusta para o desafio de realizar um "upsell sem empurrar". Ao reenquadrar a manutenção preventiva como uma ferramenta de eliminação de desperdício para o cliente, a oficina muda a sua posição de um mero prestador de serviços para um consultor de confiança focado em otimizar o custo total de propriedade do veículo.

As recomendações acionáveis são as seguintes:

  • Investir na Excelência Operacional Visível: Implementar rigorosamente a metodologia 5S. A organização e a limpeza da oficina são a primeira prova da sua competência e a base da confiança do cliente.
  • Formar a Equipa no Enquadramento dos 8 Desperdícios: Os consultores de serviço devem ser fluentes na linguagem de tradução do desperdício interno (TIMWOODS) para as consequências externas que o cliente enfrenta numa avaria.
  • Adotar e Testar o Roteiro de Vendas: Implementar o roteiro de três passos (Gancho, Justificativa, Solução) e testar continuamente as frases de abertura (A/B testing) para otimizar a sua eficácia.
  • Gerir Através de KPIs: Utilizar o painel de controlo de KPIs proposto para medir o desempenho do programa, identificar áreas de melhoria e aplicar o ciclo Kaizen ao próprio processo de vendas.

Ao adotar esta abordagem, uma oficina não só aumenta as suas receitas através de um upselling mais eficaz, mas também constrói relações mais fortes e duradouras com os clientes, baseadas na transparência, lógica e criação de valor mútuo.

Referências Citadas
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