A presença de resíduos orgânicos insolúveis em fibras têxteis e superfícies porosas é um desafio contínuo para o setor de limpeza. Entre esses resíduos, estão partículas de celulose, como poeira, fibras vegetais e microrganismos com parede celular celulósica (fungos, algas e biofilmes). Para atuar nesse cenário, as celulases oferecem uma solução biotecnológica poderosa e sustentável, com aplicações que vão desde o tratamento de tecidos até a remoção de sujeiras ocultas em superfícies porosas.
Celulases (EC 3.2.1.4) são enzimas da classe das glicosidases, responsáveis por hidrolisar a celulose, o principal polímero estrutural de origem vegetal. A celulose é composta por longas cadeias de glicose unidas por ligações β-1,4-glicosídicas, difíceis de quebrar por métodos convencionais.
As celulases quebram essas cadeias em moléculas menores:
– Celobiose
– Glicose
Essa degradação facilita a remoção de partículas aderidas, suaviza fibras têxteis e elimina resíduos vegetais microscópicos.
Celulases comerciais geralmente são compostas por um complexo enzimático sinérgico:

Esse trabalho conjunto permite uma degradação eficiente da celulose em diversos contextos de limpeza.

As celulases são amplamente utilizadas em:
– Remoção de microfibras e sujeiras embebidas em tecidos;
– Evita o acinzentamento de roupas claras;
– Restaura o toque e o brilho de roupas desgastadas;
– Reduz a formação de bolinhas (pilling) em tecidos de algodão.
– Quebra de biofilmes de origem vegetal ou fúngica;
– Aplicações em superfícies que acumulam matéria orgânica invisível.
(como uniformes e EPIs contaminados com material orgânico).
Celulases funcionam melhor em conjunto com:
– Tensoativos não iônicos, que reduzem a tensão superficial e expõem a celulose;
– Proteases, que removem proteínas aderidas;
– Amilases, para remoção de amidos e sujeiras alimentares.
Estudos mostram que detergentes enzimáticos contendo celulases têm até 25% mais eficácia na remoção de sujeiras embebidas em tecidos de algodão, além de prolongar sua vida útil.
–Instabilidade em pH muito alto ou na presença de oxidantes fortes;
–Possibilidade de alergia ocupacional (em forma de pó concentrado);
–Desempenho reduzido em tecidos sintéticos (não celulósicos).
Essas limitações são mitigadas com:
–Formulações tamponadas;
–Encapsulamento enzimático;
–Uso em combinação com coadjuvantes bioativos, como biossurfactantes.
-Reduzem a necessidade de temperaturas altas e lavagem intensa;
-Diminuem o uso de abrasivos químicos, preservando tecidos e superfícies;
-São biodegradáveis e produzidas por fermentação microbiana;
-Facilitam a economia de água e energia nos ciclos de lavagem.
Além disso, as celulases de nova geração vêm sendo desenvolvidas por meio de engenharia genética para maior estabilidade térmica e resistência a pH, ampliando seu uso em formulações mais robustas.
As celulases representam uma tecnologia enzimática avançada e versátil no setor de limpeza. Elas não apenas removem sujeiras invisíveis, como restauram tecidos, reduzem desgaste e elevam o padrão de higienização — tudo isso com menor impacto ambiental.
Sua inclusão em detergentes e produtos de manutenção não é apenas uma tendência, mas uma resposta inteligente à demanda por limpeza profunda, eficiente e sustentável.
Abrasivos Químicos: Substâncias químicas corrosivas ou irritantes usadas para remover sujeira por atrito.
Acinzentamento de Roupas Claras: Perda da brancura original dos tecidos claros devido ao acúmulo de partículas e resíduos.
Algas: Organismos fotossintéticos aquáticos com parede celular celulósica.
Alergia Ocupacional: Reação alérgica desenvolvida devido à exposição a substâncias no ambiente de trabalho.
Amilases: Enzimas que catalisam a quebra de amido e outros carboidratos.
Biofilmes: Comunidades complexas de microrganismos aderidos a uma superfície, frequentemente envoltos em uma matriz extracelular.
Biossurfactantes: Tensoativos produzidos por microrganismos, utilizados como coadjuvantes em formulações de limpeza.
β-glicosidases: Tipo de celulase que transforma oligossacarídeos de celulose em glicose.
Celobiose: Dissacarídeo (açúcar composto por duas unidades de glicose) resultante da quebra da celulose.
Celulose: Principal polímero estrutural das plantas, composto por longas cadeias de glicose unidas por ligações β-1,4-glicosídicas.
Celulases: Classe de enzimas glicosidases que hidrolisam a celulose.
Coadjuvantes Bioativos: Substâncias de origem biológica que auxiliam na ação dos ingredientes principais em uma formulação.
Complexo Enzimático Sinérgico: Mistura de diferentes enzimas que atuam juntas de forma mais eficiente do que individualmente.
Detergentes Lava-Roupas: Produtos de limpeza para lavar tecidos.
EC 3.2.1.4: Classificação numérica das celulases na Nomenclatura de Enzimas.
Embebidas (Sujeiras): Sujeiras que penetraram profundamente nas fibras do tecido.
Encapsulamento Enzimático: Técnica de envolver enzimas em materiais protetores para aumentar sua estabilidade e controlar sua liberação.
Endoglucanases: Tipo de celulase que corta internamente as cadeias de celulose.
Engenharia Genética: Manipulação do material genético de organismos para modificar suas características, como a produção de enzimas mais estáveis.
EPIs (Equipamentos de Proteção Individual): Vestimentas e acessórios utilizados para proteger os trabalhadores de riscos ocupacionais.
Exoglucanases: Tipo de celulase que quebra as extremidades das cadeias de celulose.
Fibras Amorfas: Regiões da celulose com estrutura menos organizada.
Fibras Cristalinas: Regiões da celulose com estrutura altamente organizada e resistente.
Fibras Têxteis: Filamentos finos utilizados na fabricação de tecidos.
Fibras Vegetais: Componentes estruturais das plantas, compostos principalmente por celulose.
Formulações Tamponadas: Produtos com sistemas que ajudam a manter o pH estável.
Fungos: Reino de organismos eucarióticos, alguns dos quais possuem parede celular celulósica.
Glicosidases: Classe de enzimas que hidrolisam ligações glicosídicas (que unem açúcares).
Glicose: Monossacarídeo (açúcar simples) resultante da quebra da celulose.
Higienização: Processo de limpeza que visa reduzir o número de microrganismos a níveis seguros.
Hidrolisar: Quebrar uma molécula pela adição de água.
Instabilidade: Falta de estabilidade ou tendência a se decompor ou perder a atividade.
Limpeza Hospitalar e Industrial: Processos de limpeza em ambientes de saúde e indústrias.
Matéria Orgânica Invisível: Resíduos de origem biológica que não são facilmente visíveis a olho nu.
Microfibras: Fibras muito finas que se soltam dos tecidos durante o uso e a lavagem.
Microrganismos com Parede Celular Celulósica: Organismos microscópicos cuja estrutura celular externa contém celulose.
Oligossacarídeos: Carboidratos com um pequeno número de unidades de açúcar ligadas.
Pilling: Formação de pequenas bolinhas ou nós de fibras na superfície de tecidos.
Poeira: Partículas finas de sujeira, que podem conter fibras vegetais.
Polímero Estrutural: Macromolécula que fornece suporte e estrutura aos organismos.
Pré-lavagens Enzimáticas: Etapas de lavagem iniciais que utilizam enzimas para soltar a sujeira antes da lavagem principal.
Proteases: Enzimas que catalisam a quebra de proteínas.
Quelantes: Agentes que se ligam a íons metálicos, inativando-os.
Resíduos Orgânicos Insolúveis: Materiais de origem biológica que não se dissolvem em água.
Restaura o Toque e o Brilho: Devolve a maciez e a luminosidade aos tecidos.
Setor de Limpeza: Indústria relacionada a produtos e serviços de limpeza.
Sinergia: Ação conjunta de dois ou mais componentes que resulta em um efeito maior do que a soma de seus efeitos individuais.
Sujeiras Embebidas: Ver “Embebidas (Sujeiras)”.
Sujeiras Ocultas: Sujeiras que não são facilmente visíveis.
Superfícies Porosas: Materiais com pequenos orifícios que podem reter sujeira.
Sustentável: Que causa o mínimo impacto ambiental e pode ser mantido a longo prazo.
Tecidos de Algodão: Materiais feitos de fibras de algodão, que são compostas principalmente por celulose.
Tecidos Reutilizáveis: Materiais têxteis que podem ser usados várias vezes após a lavagem.
Tecidos Sintéticos: Materiais feitos de fibras produzidas artificialmente, que geralmente não contêm celulose.
Tensoativos Não Iônicos: Substâncias que reduzem a tensão superficial da água e não possuem carga elétrica.
Tratamento de Tecidos: Processos para melhorar as propriedades dos materiais têxteis.
Uniforme: Vestimenta padrão utilizada por funcionários de uma empresa ou instituição.